São Paulo Não Esquece: A Revolta De 5 de Julho de 1924

terça-feira, 5 de julho de 2016.
O dia 5 de julho, para os paulistanos, representa um momento histórico para a cidade. Embora muitos dos cidadãos não conheçam a Revolta Paulista ou Revolta Esquecida, o acontecimento foi importante para mostrar a insatisfação de uma das principais cidades do país com o presidente do país.


Para compreender o que levou São Paulo a se revoltar com o presidente Artur Bernardes é preciso entrar de cabeça no contexto que o país vivia na época.  O Brasil vivia uma profunda crise econômica decorrente da queda das exportações motivada pela Primeira Guerra Mundial que, como é do conhecimento de todos, afetou a economia das principais potências do nosso planeta. Além disso, politicamente o país também estava em um momento conturbado.


Alguns estados não suportavam mais a manutenção do poder federal entre representantes de Minas Gerais e São Paulo e, mais do que isso, sentiam que o protecionismo e valorização do café estavam passando dos limites e que, dessa forma, começavam a prejudicar a economia de outras unidades da federação.


Com esse pensamento, grupos opositores dos Partidos Republicanos paulista e mineiro se uniram para formar a Reação Republicana que, também, teve a integração de grupos do Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e do Rio de Janeiro. A maior bandeira dos “revoltosos” era que o país protegesse todos os produtos que eram produzidos aqui e não só o café, como acontecia há muito tempo.


Após todas as articulações possíveis, o Brasil chega às eleições de 1922 com dois fortes candidatos à presidência: Nilo Peçanha, apoiado pela Reação Republicana e Artur Bernardes, do Partido Republicano. O vencedor foi Bernardes e, a partir daí, começam os conflitos internos que abalariam parte do país. O começo do estranhamento surgiu quando alguns militares não queriam “autorizar” que Artur Bernardes subisse ao poder, mostrando claro descontentamento com a escolha do presidente.


O Primeiro Conflito Armado Acontece No Rio de Janeiro


Embora Artur Bernardes tenha conseguido assumir o poder, sua gestão não teve um começo nada fácil. Nem bem assume o poder, Bernardes tem que lidar com um violento conflito armado travado no Forte de Copacabana, em 5 de julho de 1922. Na ocasião, parte das Forças Armadas resolveu pegar em armas para demonstrar o imenso descontentamento com a posse do novo presidente.


Esse movimento de 1922 influenciou fortemente os rebeldes paulistanos durante todo o desenrolar da terrível Revolução Paulista de 1924. A influência foi tamanha que, os líderes da Revolta Paulista escolheram a mesma data para dar início ao movimento: 5 de julho de 1924.


Voltando ao movimento ocorrido no Rio, vale ressaltar que o levante teve a participação da ala mais jovem das Forças Armadas brasileiras que, como diziam na época, pretendiam “salvar a honra” do exército brasileiro que passava por um momento terrível cercado por “ofensas” e descaso por parte do poder público. Os revoltosos não aceitavam o fechamento do Clube Militar do Rio de Janeiro, que só aconteceu graças a um decreto presidencial.


Essa atitude do presidente da República foi uma retaliação ao protesto realizado pelos soldados contra  uma ação do governo que mandou o exército intervir na política do estado de Pernambuco.


Para os rebeldes militares, esse tipo de atitude demonstrava que as instituições da república brasileira estavam com seus valores corrompidos pelos governantes que ocupavam o poder. Mais do que não concordar com essa intervenção em Pernambuco, a prisão do Marechal Hermes da Fonseca ampliou a insatisfação ao ponto de não ser possível mais controlar tamanho sentimento somente com palavras.


O movimento que tomou conta do Forte de Copacabana durou apenas dois dias e acabou sendo devastado por uma forte represália do governo federal que, inclusive, chegou a bombardear o lugar. A história brasileira mostra que esse episódio foi um dos grandes conceitos que acabaram por semear um novo movimento tenentista no país.


Após conseguir sufocar o movimento de 1922, o governo entrou em um grande conflito de ideias com os militares ao introduzir várias mudanças na Constituição Federal. Os militares entendiam que as modificações aumentavam o poder executivo e tirava o equilíbrio dos três poderes nacionais: legislativo, executivo e judiciário. A tensão, de uma maneira geral, não diminuía.


O Conceito Da Revolução Se Dissemina


A história do país mostra que, após o sufocamento do movimento surgido no Rio de Janeiro em 1922 e com as mudanças feitas na Constituição, a insatisfação com o centro do poder federal cresceu e atingiu civis e militares de todo o país.


Embora os militares tenham tomado à frente da revolta, seus motivos não eram dos mais nobres para com o país. Os integrantes das forças armadas contrários às ideias do presidente se consideravam os únicos com capacidade para restaurar a república de 1889, já que acreditavam estar acima das classes sociais e dos partidos políticos da época.


Os revoltosos defendiam a criação de uma lei eleitoral com garantias de soberania do país e do povo (vale um destaque que eles queriam essa lei com algumas restrições, já que não queriam que o “povo” chegasse ao poder). Além dessa demanda, esses integrantes das forças armadas mostravam uma grande insatisfação com relação às lentas promoções que deixaram muitos dos integrantes do exército em baixas patentes.


Assim, os “arquitetos” da revolta pertenciam a setores intermediários das Forças Armadas nacionais e, em sua maioria, eram tenentes e capitães. O grande objetivo deles era depor Artur Bernardes já que, segundo o conceito espalhado, ele era o representante das oligarquias e das elites dominantes, que eram “odiadas” pelos oficiais rebeldes. A justificativa utilizada para levar adiante o conflito foi defender e purificar as instituições republicanas que estavam corrompidas.


No ano de 1923 o exército começou a propagar sua campanha conspiratória contra o governo federal. A grande mente por trás desses planos de derrubada do governo era a do General Isidoro Dias Lopes seguido pelos capitães Joaquim Távora e Juarez Távora.


São Paulo: O Palco da Revolta


A cidade de São Paulo do começo do século XX era marcada pelo ideal de modernidade e pelo grande crescimento populacional. Começava a se desenhar o rascunho da grande cidade que aquela metrópole se tornaria. A intensa imigração e os grandes projetos de urbanização da cidade foram aspectos que mudaram completamente a forma como São Paulo era vista pelo Brasil. Soma-se a isso à burguesia rica graças ao café e temos um palco perfeito para que o estopim da revolta comece.


Os protagonistas da revolução, então, acreditavam que todos esses fatores aliados à insatisfação de parte da elite paulista com o Partido Republicano Paulista e a vigilância muito menor em relação ao Rio de Janeiro, por exemplo, tornaria o movimento iniciado em São Paulo gigante.



O grande plano dos militares de 1924 era todo baseado em ações rápidas e conjuntas. Tomar São Paulo envolvia cortar e bloquear todas as formas de comunicação da cidade, como: ferrovias, telefones e telégrafos. Além disso, o movimento contava  que a população da cidade iria aderir às ideias revolucionárias e, assim, ter força o suficiente para marchar rumo à capital do país.

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